Professores Danillo Villa e Ana Fogo
Paredes da cidade estão ganhando nova aparência. O professor Danillo Villa, do Centro de Educação, Comunicação e Artes (CECA), e alunos do curso de Arte Visual estão pintando flores conhecidas do público em 11 paredes de casas do Portal de Versalhes, próximas à avenida Castelo Branco. A iniciativa é uma das atividades do “Projeto Mural: A cor ativando as paredes de Londrina” e tem como objetivo interferir pictoricamente na paisagem urbana.
“Quando pintamos uma parede estamos querendo protegê-la das intempéries cotidianas, mas também buscamos algo mais: queremos dar-lhe uma aparência, uma presença. A esperança é que elas contribuam para o bem-estar, mesmo que ligeiro, daqueles que passarem pelos espaços” coloca Danillo Villa, colaborador do projeto. O projeto já realizou trabalhos de pintura mural na Casa de Cultura, Londrina Country Club, Aliança Francesa, Colégio Marista, Clube de Xadrez, Biblioteca Central da UEL, entre outros.
Das 11 casas planejadas, a equipe já pintou cinco. As pinturas são realizadas, após autorização dos proprietários, para evitar problemas. “Geralmente, a parede é desconsiderada pelo proprietário. Queremos mostrar que, em espaços alternativos podem ser realizados trabalhos interessantes”. No caso do jardim Versalhes, a equipe trabalha com imagens simples e enormes de flores já conhecidas pelas pessoas, tais como a margarida, tulipa, lírio, bico de papagaio, entre outras. A tinta utilizada é a acrílica. Como ele seca rapidamente, todo o trabalho é feito no mesmo dia, evitando os meios tons das tintas.
O trabalho é realizado coletivamente. Antes de realizar a pintura mural, são feitos desenhos das casas onde as pinturas são realizadas. Sobre estes desenhos, o grupo esboça as flores, discutindo as composições e escolhendo os melhores projetos. Escolhido o desenho, uma outra pessoa aplica o esboço na parede e uma terceira pinta. “A atividade não é uma pintura autoral, feita por uma única pessoa. Com isso, estamos articulando os talentos de todos os integrantes da equipe, de cerca de 10 pessoas. Quem não tem medo de subir a escada faz a parte mais alta da pintura. Então, cada um oferece o melhor de si para a realização do trabalho, que tem como objetivo pintar flores grandes, formando um grande jardim, que dá acesso à UEL”, explica Villa. As paredes das casas podem ter acabamento ou não. “Onde tiver parede e o proprietário autorizar, nós pintamos. Nosso critério é que o trabalho seja visível às pessoas que passam pela avenida Castelo Branco”.
Outro preceito do projeto é sair da sala de aula e entrar em contato com a realidade externa da faculdade. “Quando as pessoas se aproximarem da Universidade, elas terão a idéia de um jardim gigante junto à Instituição. O Departamento de Arte também receberá um mural. “Queremos com isso dar visibilidade ao que se produz no curso e interligá-lo ao bairro”, acrescenta.
Ainda segundo o professor, durante o trabalho, a relação é muito boa entre a equipe técnica. “Nós nos divertimos muito; esquecem a relação professor/aluno; e aprendemos com o aspecto lúdico do trabalho. No final do dia, todos estão cansados, depois de subir e descer escada, carregar tinta, balde, bambu, andaime, escada, lavar pincel – é um trabalhão, dado o tamanho da pintura. E todos trabalham unidos, conscientes dos objetivos do projeto. Cada casa pintada redimensiona o projeto e é divertido trabalhar assim, apesar de todas as dificuldades”.
O projeto não tem prazo para terminar. Quando é convidado para realizar um trabalho, a coordenação solicita material necessário (tinta, andaime, pincéis, entre outros) e lache para os alunos, uma vez que a pintura leva o dia todo para ser realizada e material de divulgação. O trabalho no jardim Versalhes, por exemplo, está sendo feito através de parceria com a Casa de Cultura e FAUEL.
Alduino Zonatto, morador da rua Kazuo Nishiama, diz que aprovou a iniciativa imediatamente após ser apresentada pela equipe do projeto. “O tema e o trabalho são excelentes e são realizados fora do horário de aula, aos sábados e domingos”. Ele gostou tanto do mural realizado em sua casa que vai tirar uma foto e encaminhá-la para parentes do Rio Grande do Sul.
Equipe técnica do Projeto Mural: Alysson Fernando A. Corneta, André Pires Vanin, Anneli Souza, Cláudia Perozim, Débora dos Santos Brito, Elke Coelho, Juliana Vidella, Marika Sawaguti e Samira Padilha Xavier.
Nem tudo são flores
No último sábado, enquanto fazia o trabalho no jardim Versalles, a equipe foi assaltada por dois menores.
“A gente estava pintando e dois meninos menores, de 16 anos, se aproximaram – como é comum pararem e perguntar sobre o projeto, não estranhamos de início – e mostraram um revolver; disseram para ficarmos quietos; e pegaram algumas coisas: uma bolsa, um celular e uma máquina fotográfica”, relata o professor. Após o assalto, Danilo Villa ligou à Polícia Militar e logo em seguida os dois menores foram presos.
Em virtude do assalto, a equipe está estudando uma forma de dar continuidade ao projeto, já que o trabalho envolve estudantes e o professor se sente responsável por eles. Se alguém tiver alguma sugestão é só procurá-lo no Departamento de Arte Visual.
fonte: Jornal Noticia UEL 06/09/2006
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