21.6.09

"Fatos Preenchidos"









A segunda pintura em vielas do ano de 2008 foi realizada no Jardim Sabará, o projeto é de autoria de Fabrícia Leme, aluna do curso de Artes Visuais da Universidade Estadual de Londrina. Os desenhos selecionados fazem parte da série Fatos Preenchidos.












"Observar pessoas, captar todas suas particularidades, o momento, a pose, podendo acrescentar a isso objetos pertinentes a imaginação, aquilo que julgo caber naquele momento. O corpo faz uma reflexão sobre si próprio em uma viagem do eu interior. Cada personagem criado vive em um universo particular. O grafismo vem justamente para gravar a cena, e o preenchimento trata de algo que nunca é vazio." (Fabrícia Leme)


Mapa do local da pintura. Outra viela que vale a pena conferir de perto!

Ondinas


O projeto mural realizou no ano de 2008 em sua nova fase, duas pinturas em vielas na cidade de Londrina. A primeira foi realizada em uma viela do Jardim Hedy nas proximidades do córrego Rubi, o projeto é de autoria de Vanessa Deister, aluna do curso de Artes Visuais da Universidade Estadual de Londrina.






"Partindo do mundo da moda e da propaganda comecei a desenvolver meu trabalho. Folheando catálogos, observando outdoors, fui criando “minhas mulheres”. Retirando delas sua essência selvagem, seu poder de sedução e consumo, as principais armas desse meio... Monstruosas e sensuais, mesmo causando certo estranhamento, acredito que essas mulheres tem algo para transmitir do mundo delas, não necessariamente o nosso mundo, talvez um paralelo. Coloco elementos desse mundo nos meus trabalhos, algo que tanto fascina e ao mesmo tempo amedronta, causa repulsa, algo proibido, oculto... Para o projeto mural, foram pintadas na viela várias “ondinas”. Mais conhecidas como “sereias”, essas figuras são encontradas em historias mitológicas de diversas épocas como seres que habitam as águas. Devido à proximidade da viela escolhida com um vale, muito arborizado e úmido, essas personificações da água em forma de “ondinas” foram executadas nas paredes dando leveza e harmonia ao ambiente." (Vanessa Deister)

Mapa do local da pintura.Vale a pena conferir de perto!

Corpo Cidade







A presença inglesa determinou um traçado ortogonal para o centro de Londrina. Mas a partir desse núcleo, a cidade cresceu e se desenvolveu através de ruas desenhadas de acordo com a sinuosidade de córregos e igapós, vales e morros, sendo interligadas de modo aleatório entre sítios e cafezais, hoje bairros da área urbana, conformando um mapa labiríntico entrecortado por vielas para pedestres.
Tais passagens, mantidas entre imóveis implantados em imensos quarteirões, são consideradas atalhos, vias para encurtar caminho, passagens rápidas, ligeiras e, por essa razão, desprovidas de atrativos. Entretanto, desde o segundo semestre de 2008, essas áreas foram invadidas por imagens de corpos em diferentes percepções, despertando o olhar do transeunte e, quem sabe, retardando um pouco seu passo.
Trata-se da atuação do grupo pertencente ao projeto de extensão Pintura Mural – a cor ativando as paredes da cidade de Londrina, do Departamento de Arte Visual da UEL, sob coordenação do Prof. Carlos Alberto de Campos e orientação dos professores Marcos Aulicino e Vanessa Tavares, que tem o corpo humano como foco. A escolha desse tema deveu-se à verificação de sua recorrência na produção dos alunos, como questionamento dos padrões de beleza ditados pela moda e reiterados pela mídia, bem como da auto-descoberta e, principalmente, pela reflexão sobre o seu lugar na sociedade e, consequentemente, na cidade.
Assim, a presença da imagem do corpo em diferentes linguagens é a marca simbólica da presença do indivíduo na cidade. Porém, não se trata do indivíduo “aluno”, mas o seu pensamento, a sua posição em relação aos questionamentos acima citados que se fazem presente em Londrina.

texto: Fabrícia Leme