5.4.08

Jardim que brota do concreto

Quinta-feira, 14/09/2006

Casas próximas à UEL ganham imensas flores pintadas por alunos e professores, transformando cada parede em um diferente mural

foto:Carllos Bozelli

As pinturas têm até sete metros de altura, tornando-as visíveis mesmo à distância

Quem passa diariamente pela Avenida Castelo Branco, na altura do Jardim Portal de Versalhes (Zona Oeste), tem sido brindado com flores pelo caminho. Não se trata de um projeto de paisagismo desenvolvido pelo poder público em uma das vias mais movimentadas da cidade, mas de uma iniciativa de professores e alunos do Centro de Educação, Comunicação e Artes (CECA) da Universidade Estadual de Londrina (UEL). Há cerca de três meses, o grupo vem dedicando alguns finais de semana a pintar margaridas, tulipas, lírios, brincos-de-princesa e bicos-de-papagaio em paredes de residências da região.

A idéia é transformar o acesso à universidade em um grande jardim. ''O projeto foi criado em 2004, a partir da vontade de sair da sala de aula para uma experiência diferente, de autoria coletiva. Os primeiros trabalhos visavam mais a relação entre as cores, em áreas articuladas, que muitas vezes causavam estranhamento. Desta vez, a proposta é a comunicação de uma idéia, da identificação imediata pelo público'', explica o professor Danillo Villa, supervisor do projeto.

Ele lembra que a superfície nem sempre é a ideal - em alguns casos, a pintura é feita diretamente sobre os tijolos ou reboco -, pois o objetivo é justamente a ocupação de espaços negligenciados. ''Às vezes nem o próprio morador prestava atenção naquela parede.'' O critério de escolha das superfícies é a visibilidade para quem passa pela Castelo Branco. Basta o proprietário autorizar que lá estão eles com suas tintas e pincéis. Cinco casas já foram pintadas, e há mais seis na fila. ''As próximas flores deverão ser primavera, hibisco, azaléia, ave-do-paraíso e outras que ainda vamos escolher'', antecipa Villa. Cada uma das pinturas tem até sete metros de altura, o que faz com que sejam vistas a muitos metros de distância.

O professor ressalta que o trabalho é coletivo. Antes de realizar a pintura do mural, são feitos desenhos das casas. Sobre estes desenhos o grupo esboça as flores, discutindo as composições e escolhendo os melhores projetos. Escolhido o desenho, uma outra pessoa aplica o esboço na parede e uma terceira pinta. ''Trata-se de uma experiência diferente da vivida em sala aula. Perde-se a idéia da autoria individual.''

O ''Projeto Mural: A cor ativando as paredes de Londrina'' já foi desenvolvido na Casa de Cultura, no Londrina Country Club, na Aliança Francesa, no Colégio Marista, no Clube de Xadrez e na Biblioteca Central da UEL, que são os chamados parceiros da iniciativa. Em troca do trabalho da equipe, os parceiros fornecem a tinta e a impressão de um folder para registro do projeto. No Jardim Versalhes as paredes estão sendo pintadas através de parceria com a Casa de Cultura e Fundação de Apoio ao Desenvolvimento da UEL (FAUEL).

O reconhecimento por parte da comunidade e a experiência prática são os aspectos ressaltados pela aluna Juliana Videla, do 2º ano do curso de moda. ''Está sendo gostoso ver na prática como trabalhar com pintura. Além de tudo nos divertimos muito'', revela. Já Cláudia Almeida Perozim, do 3º ano de artes visuais, diz que o mais gosta é de poder dar uma nova vida ao lugar. ''Estas paredes antes passavam despercebidas pelas pessoas. Dentro do ônibus, por exemplo, percebo que muitas ficam observando e se identificam com as flores.''

Além de Cláudia, Juliana e o professor Villa, o grupo é formado por Alysson Fernando A. Corneta, André Pires Vanin, Anneli Souza, Cláudia Perozim, Débora dos Santos Brito, Elke Coelho, Juliana Vidella, Marika Sawaguti, Samira Padilha Xavier e pela professora colaboradora Ana Fogo.

Silvana Leão - Folha de Londrina

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